E então minhas jóias vamos a entrevista?! Simbora!
· Esta todo mundo acostumado sempre de segunda a sexta das 13 ás 14hs,ouvir pelas ondas sonoras da rádio Folha o programa Estuário com Geison Costa e Felípe Mendes,dois porta-vozes de peso da música e da cultura Pernambucana.como foi que essas duas figuras se conheceram? Vocês já se conheciam?
Felipe – A gente se conheceu por volta de 1997, como músicos. Eu tocava havia pouco tempo e Geison já tinha uma estrada e tocava na época com a banda Eletrosoul. As nossas e outras bandas agitaram uma série de eventos num lugar muito massa em Barra de Jangada, a Marina Ancoradouro. Nessa época nos relacionávamos pouco, acho até por conta da diferença de idade, já que eu tinha uns 15 anos, no auge da adolescência louca e Geison já tinha uns 25 e tinha até tocado na Europa. Depois disso, fomos naturalmente nos encontrando em diferentes eventos, mas nunca tínhamos tocado juntos, coIsa que só aconteceu no início da década de 2000, quando acompanhamos diferentes cantoras pela noite da cidade, eu no baixo e ele na bateria. Aí nossa convivência passou a ser mais próxima e passamos a poder contar com o outro em diferentes trabalhos musicais na noite daqui. Como os dois têm muita prosa, passamos a pensar em alguns projetos. Foi quando surgiu essa questão de rádio, primeiramente com a Rádio Sol.
· um dia desses no pátio de são pedro,perguntei para Nandu como surgiu os Maracatunes e ele me respondeu que foi pro Rec Beat pensando em ouvir um som diferente -"pronto!agora vou ouvir um maracatu com batidas eletronicas saindo das grandes caixas de som e tal.." me descreveu o próprio me dizendo ainda que não escutou nada parecido. "-bom! já que não escutei,vou eu mesmo fazer o que eu quero escutar". E o Estuário como surgiu???garanto que tem uma bela história ai!
Havia um bar na beira do mar em Piedade, Jaboatão dos Guararapes, chamado Marritmu’s, que foi durante quase vinte anos referência na zona sul para quem gostava de música autoral, beira de mar, relax, cultura, gente boa, conversa ótima, e doideira também né, que ninguém é de ferro!! O dono do bar era Roberto Xavier, o Xexéu, também um artista, músico, compositor. Pois Xexéu ganhou uma quantidade gigante de vinis. Repertório de primeira, de enlouquecer qualquer apreciador de som. Geison teve a ideia de aproveitar a estrutura de som do bar para tocar esses vinis de forma diferente, fazendo como se fosse uma rádio transmitindo ali ao vivo. Então ele me chamou, porque eu era estudante de jornalismo (isso era nos idos de 2003) e doido. Então nos reunidos eu, Geison (que na verdade é Cissi, mas agora que virou um importante radialista só quer chamado de Geison Costa :P), Xexéu e uma grande amiga e alma boa, Andrea Perotti. Dessa reunião surgiu o nome (Rádio Sol, sugerido por Xexéu), a data de estreia e o esqueleto da “programação”: notícias, entrevistas, comentários sobre o que estava sendo tocado e sobre a realidade cultural da gente. Então começamos todo domingo a fazer o programa da Rádio Sol transmitindo exclusivamente para o interior do bar e para a praia na frente. Após três horas de programa, sempre havia uma banda ao vivo, e o bar passou a bombar todo domingo, semana após semana. Geison se encarregando da chinfra, das tiradas, loas, e eu do conteúdo, das músicas e dos comentários. Mas era a coisa mais louca porque era na verdade uma grande arriação com essa coisa de rádio, já que todo mundo via a gente, interagia, pedia música, e agente na praia, muitas vezes sem camisa, tomando aquela geladinha e fazendo aquele relax. Mas foi um negócio meio mágico, porque deu muito certo e causou um impacto muito positivo nas pessoas. Essa identificação foi o que nos fez “levar mais a sério” a ideia de ter mesmo um programa numa FM.
Geison Costa e Felípe Mendes na época da Rádio Sol,no Bar do Xexéu. |
· Programa Estuário,levando a vida da musica pernambucana aos seus ouvidos.Como se deu o nome do programa?
Felipe – Quando acabou a Rádio Sol, ficamos impressionados com o retorno do público, que nos encontrava na rua e sabia até as loas que a gente cantava durante o programa. Na verdade, mesmo anos depois, as pessoas ainda se lembravam, perguntavam, nos reconheciam... Então vimos que o próximo passo seria transmitir o programa realmente por uma rádio FM. Como no início não éramos um programa, mas uma “rádio”, seria impossível manter o nome. Imagina a Rádio Sol na Rádio Folha? Confuso. Muitos nomes surgiram, e durante os anos em que tentávamos colocar o programa no ar percebemos – ao participar de diferentes instâncias de debate como o Fórum permanente da Música de Pernambuco e conferências de cultura municipal e estadual – o enorme espaço vazio que havia, e ainda há, na rádio pernambucana em relação ao som que é produzido aqui. Foi quando decidimos focar na música viva de Pernambuco e o nome Estuário nasceu naturalmente, a partir de referências como o Movimento Mangue e a nossa intenção de servir de “berçário” para que a música de Pernambuco cresça e se desenvolva.
- Em mais um dia nessa cidade estuário ouvi o Felipe Mendes falar que logo no começo,quando o programa foi ao ar tocavam muito Chico Science,Mundo Livre...essas bandas mais antigas e até referência em Pernambuco e que muita gente ficava de cara por que justamente não tocam muito ou com muita frequência essas bandas digamos assim mais conhecidas e tall.Como voçes explicam essa questão?
Felipe – Realmente é uma escolha natural, pela filosofia do programa, dar ênfase a grupos que ainda não têm esse alcance de mídia e público. Na verdade tocamos as bandas mais antigas tanto quanto todas as outras, já que tanto o Nação Zumbi, a Mundo Livre ou até mesmo a Eddie continuam ativas, tocando e produzindo. Não há mais a necessidade de se ficar lembrando a importância que esses grupos tiveram e têm na realidade do fazer musical de Pernambuco e do Brasil. O próprio programa é, de certa maneira, reflexo disso. Só levamos a sério nosso objetivo de abrir espaço para bandas que nunca tocaram em rádio. Trazer para o público uma gama de trabalhos musicais que têm sua repercussão prejudicada pela falta de espaço no rádio. Se a gente se dedicasse apenas a tocar as bandas já mais que estabelecidas no cenário local e nacional perderíamos a chance de realmente levar a vida da música pernambucana aos ouvidos das pessoas. Seria óbvio. Mas é bom ressaltar que mesmo bandas como o Nação e o MLSA, apesar do renome internacional, também não tocam na rádio daqui, o que é uma tremenda injustiça e também burrice.
- O programa hoje, estréia quase uma banda todo dia.Cara isso é muito bom,mostra que Pernambuco hoje produz muita coisa boa.porém,agente não se houve por ai.Por exemplo quando ligo o rádio só ouço os outros estados, e até as rádios que são de Pernambuco,Recife não toca a nossa musica.O que acham da nossa música?estamos sendo vistos com outros olhos?a coisa ta mudando??
Felipe – Eu faço um cadastro de todas as bandas que tocamos no programa pra ter uma ideia do alcance, e já temos em nosso repertório mais de duzentas e quarenta bandas. Mesmo estreando praticamente uma banda por dia, não é suficiente para atender a demanda, já que recebemos material de diversas bandas constantemente. Nós estamos no momento com o material de umas dezenas de bandas para estrear e sabemos que, mesmo 240 sendo um número considerável (espantoso até se considerarmos a realidade do rádio local) de grupos que já tocamos, é apenas uma fração da riqueza musical que há em nosso Estado.
Infelizmente a realidade ainda é cruel aqui, por que temos uma cena musical fortíssima – a mais forte do país – e as bandas estão constantemente produzindo, fazendo shows, gravando discos e clipes, mas não podem tocar na rádio por não haver espaço. O objetivo do Estuário é ajudar a mudar essa realidade e fazer ser comum ouvir nossa música não só em programas específicos e temáticos, mas na programação normal de nossas emissoras de rádio, fazendo cumprir inclusive o que está na Constituição Federal, ignorada pelos donos de empresas de mídia no Brasil. Por isso fazemos questão de falar sobre outros programas em FM que abrem esse espaço, como o do Roger na OI FM, o Coquetel Molotov na universitária FM ou o Cultura Viva na Camará FM, de Camaragibe. Também fazemos um apelo para que as pessoas valorizem esses programas, liguem pras rádios pedindo para ouvir nossa música genuína, que ainda passa longe da programação, salvo casos específicos.
- mai rapaz...voçes são massa mesmo né?além de trazer a vida da música Pernambucana oas nossos ouvidos ,dentro do programa ainda temos:"os homi da notícia",o "vitrini", o "contato cultural" e o "som do verso".como surgiu essas ideias?
Felipe – Essas ideias surgem das conversas loucas que temos e da criatividade mesmo. Ao criar esses quadros, fazemos com o intuito de chamar mesmo mais atenção e criar empatia com o público. É também uma forma de organizar o programa, e do público identificar cada aspecto de sua realização. Alguns desses quadros existem desde a época da Rádio Sol, como o Som do Verso.
· E Pernambuco é uma coisa fantastica né? voçes conseguiram levar esse espirito para dentro do programa.é la que os Pernambucanos se encontram e fazem a coisa andar junto com esses doidos aew..rsrs escutando o programa é justamente essa impressão que dar.E diferente dos outros meios de mídia e comunicação que viza a "grande" industria e tall.voçes não, ao contrario dão a maior força e faz questão que o povo participe,chegue junto.
Felipe – Nós só passamos tantos anos lutando pela realização do programa porque sempre tivemos certeza de que há um enorme público que aprecia nossa cultura viva e se ressente de não encontrá-la na rádio local. Um público que vai aos shows, compra disco, baixa na internet, compartilha em redes sociais, mas não ouve as músicas que gosta no rádio. Sem essa certeza seríamos uma iniciativa vazia e incompleta. Também sabemos que parte do nosso público é formado por músicos dessas bandas que finalmente encontram um espaço (ainda que pouco) para desaguar sua produção musical. Soma-se a isso nosso jeito mesmo, nós somos assim naturalmente, gostamos de confraternizar. Nos sentimos parte de uma corrente, não uma iniciativa isolada, mas a concretização de uma vontade coletiva. Por isso respeitamos muito nossos ouvintes e nos sentimos mais fortes com a participação deles seja ligando, seja indo ao estúdio na hora do programa. Nossas portas estão sempre abertas porque nosso objetivo é somar, não sermos Dom Quixote lutando sozinho contra moinhos. Por isso, cheguem junto, vamos transformar a realidade radiofônica de Pernambuco!!
· A música tema,que abre o programa é cidade estuário do Mundo livre s.a.Uma das principais e primeiras bandas da cena pernambucana,como foi essa relação e parceria com o Fred zero 4?
Felipe – Fred tem sido um parceiro e um grande incentivador do programa. Ele e a banda nos permitiram usar a música Cidade Estuário (escolhida por motivos óbvios) como tema do programa. Eu já o conhecia como jornalista, já o tinha entrevistado para a Agenda Cultural do recife, mas Geison o conhece há muito tempo, antes até da eclosão do Movimento Mangue. Tem muita história aí. Tony, irmão de Fred, é padrinho da filha de Geison, pra ter uma ideia. Era tudo maloquerage de candeias!! Então tá tudo em casa, porque morei quase 15 anos em Candeias e também maloquerei muito lá.
O Programa Estuário é um amplificador das produções culturais pernambucanas. Com uma linguagem atual e identificada com o ouvinte, o programa toca música pernambucana de qualidade, traz notícias sobre a cultura do estado, cobertura de eventos e entrevistas.
No Programa Estuário, a música pernambucana se encontra com o público.
Sempre de Seg a sex, das 13h às 14h, na Rádio Folha FM 96,7
Apresentação e produção:
Felipe Mendes e Geison Costa
(81) 8698 0088 / programaestuario@gmail.com
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