Adepto da coqueteleira de estilos, o sergipano/ pernambucano DJ Dolores (Hélder Aragão, 37) agrega eletrônica aos ecos das ruas nordestinas, da ciranda ao coco e até o brega no recém-editado Aparelhagem (Azougue/Ziriguiboom). Criador avesso às algemas dos gêneros, DJ Dolores oxigena o cenário com suas alquimias sonoras, cujo acúmulo de citações, referências e interseções convida a novas audições elucidativas.
Atuante desde antes da erupção oficial da cena manguebeat, em 1989, o DJ Dolores virou comandante de nave eletrônica em 1997 e tripulou a Orquestra Santa Massa (integrada por rabeca, guitarra, trombone e picapes) até o disco anterior, o dialético Contraditório?.
Autor de trilhas elogiadas para filmes como O rap do Pequeno Príncipe contra as almas sebosas, Narradores de Javé, balés (Desatino do norte, com o Corpo de Baile do Municipal de São Paulo) e peças (A máquina, de João Falcão), Dolores agora comanda a Aparelhagem, com destaque para a cantora/ autora Isaar.
Assim como Marcelo D2 busca a batida perfeita, o pernambucano/ sergipano navega na ''zona de confluência entre as várias expressões da tradição musical urbana do Norte/ Nordeste revistas sob a ótica da eletrônica''. O pulso do baião (numa batida dura, quase house) come solto em Salvo (The preacher) e na abertura De dar dó. A voz crua de Isaar dardeja a embolada: ''é da calçada pro transporte/ do transporte pro trabalho/ do trabalho para a morte/ a vida do operário''.
O maracatu rave Azougue serve o literalmente explosivo coquetel do mesmo nome que leva cachaça limão e... pólvora. ''Faz os caboclos dançarem a noite inteira'', informa ele no encarte. Na Ciranda da madrugada, de ritmo ralentado em relação ao pique original do estilo, há uma ''vibe'' de reggae. Já Sanidade remete à cena original brega do Pará, ao misturar carimbó e zouk caribenho a uma batida house fixa. Para não dizer que focou apenas o cenário nativo, Dolores, que faz excursões européias seriadas, evoca Emma Bovary, personagem de Flaubert, sob a névoa eletrônica de Rouen. Nada escapa à centrífuga pós-moderna.
Atuante desde antes da erupção oficial da cena manguebeat, em 1989, o DJ Dolores virou comandante de nave eletrônica em 1997 e tripulou a Orquestra Santa Massa (integrada por rabeca, guitarra, trombone e picapes) até o disco anterior, o dialético Contraditório?.
Autor de trilhas elogiadas para filmes como O rap do Pequeno Príncipe contra as almas sebosas, Narradores de Javé, balés (Desatino do norte, com o Corpo de Baile do Municipal de São Paulo) e peças (A máquina, de João Falcão), Dolores agora comanda a Aparelhagem, com destaque para a cantora/ autora Isaar.
Assim como Marcelo D2 busca a batida perfeita, o pernambucano/ sergipano navega na ''zona de confluência entre as várias expressões da tradição musical urbana do Norte/ Nordeste revistas sob a ótica da eletrônica''. O pulso do baião (numa batida dura, quase house) come solto em Salvo (The preacher) e na abertura De dar dó. A voz crua de Isaar dardeja a embolada: ''é da calçada pro transporte/ do transporte pro trabalho/ do trabalho para a morte/ a vida do operário''.
O maracatu rave Azougue serve o literalmente explosivo coquetel do mesmo nome que leva cachaça limão e... pólvora. ''Faz os caboclos dançarem a noite inteira'', informa ele no encarte. Na Ciranda da madrugada, de ritmo ralentado em relação ao pique original do estilo, há uma ''vibe'' de reggae. Já Sanidade remete à cena original brega do Pará, ao misturar carimbó e zouk caribenho a uma batida house fixa. Para não dizer que focou apenas o cenário nativo, Dolores, que faz excursões européias seriadas, evoca Emma Bovary, personagem de Flaubert, sob a névoa eletrônica de Rouen. Nada escapa à centrífuga pós-moderna.
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